quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Educadores ainda são resistentes ao uso de mídias em sala de aula

Ao contrário do que muitas vezes se pensa, a criança não é um ser passivo frente às seduções da mídia. "Ao assistir TV ou navegar na Internet, por exemplo, a criança tem uma postura ativa. Ela 'ressiginifica' os conteúdos a partir de seu momento, de seus interesses e vivências", diz o educador Claudemir Edson Viana, pesquisador do Laboratório de Pesquisa sobre Criança, Imaginário e Televisão (Lapic), da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. Para ele, é um equívoco considerar a criança como uma "folha em branco" que apenas recebe informações e estímulos.
Viana é autor de uma tese de doutorado que analisou as relações entre aprendizagem infantil e jogos digitais. Segundo ele, é necessário que a escola quebre preconceitos e introduza a abordagem desses jogos em sala de aula. "Não se trata de substituir a escola ou o educador. O que se propõe é que o adulto se dedique mais à compreensão do universo infantil", sugere.O pesquisador entrevistou 30 crianças com idade entre 8 e 10 anos, estudantes de uma escola de classe média paulistana.
Num primeiro momento, Viana identificou os jogos digitais on-line (disponíveis na Internet) preferidos dos estudantes. Em seguida, dedicou-se a "conhecer os jogos" e, numa segunda entrevista, fez questionamentos mais elaborados. A pesquisa verificou que a escolha dos jogos costuma reproduzir o que ocorre em outras brincadeiras. "A essência do jogo continua a mesma, com a presença de competição, esportes e histórias. Também há uma diferença entre os gêneros. Meninos preferem jogos de luta e estratégia, enquanto as meninas optam por sites de bonecas, pintar e colorir", conta Viana.
Ele explica que a configuração icônica da Internet permite o rápido aprendizado infantil. Um dos sites apontados pelos estudantes era inteiramente em Inglês. "As crianças disseram que 'iam tentando' até encontrar alguma coisa interessante e descobrir os comandos. É um aprendizado por tentativa e erro", explica o educador, que aponta uma outra constatação interessante: as crianças ressentem a baixa participação dos adultos nessas brincadeiras.
"O adulto ainda é muito resistente às possibilidades lúdicas e educativas dos jogos digitais, seja por desconhecimento, seja pela ânsia em manter uma determinada relação de poder", destaca. Viana conta que chegou a utilizar, em aulas de História, um jogo de xadrez para computador. As personagens - bispo, rei, peão, rainha - eram muito bem caracterizados por meio de imagens, sons e animações. "Utilizei o jogo em minhas aulas sobre a Idade Média, e as crianças aprovaram", relata. Entretanto, a inserção desses elementos na escola costuma ser tolhido pela sistematização das apostilas, geralmente tomada como prioridade pelos coordenadores.
O pesquisador defende que os cursos de pedagogia e licenciatura abordem as possibilidades do uso de mídias em sala de aula. "Há preconceito na própria universidade em que se formam os profissionais da educação", declara. "Muitos professores hesitam em utilizar esses recursos não por os considerar inadequados, mas por falta de embasamento teórico."
Mas o computador e a internet não eliminaram as chamadas brincadeiras tradicionais. "As crianças ainda praticam esportes, brincam de pega-pega e esconde-esconde", garante o educador. O que se verifica é que as características atuais do ambiente urbano modificaram as "formas de brincar". Hoje, com a violência, a criança passa a maior parte do tempo em casa e, naturalmente, adapta suas brincadeiras a essa nova condição.

"Trechos da tese de Doutorado do professor Claudemir Edson Viana, da USP." Texto retirado do site www.usp.br


Concordo com o professor, as tecnologias estão aí para ajudar os educadores em suas metodologias, mas há por parte deles um grande receio em dispor delas, talvez pela falta de conhecimento, ou também por medo de que venham a substituí-los no futuro. O que sei e acredito é que usar destes meios facilita a aprendizagem e torna-a mais prazerosa e significativa.

Vanessa Moehlecke Lunkes, 14/10/09

Um comentário:

  1. Nós, futuros professores (ou melhor) futuros Educadores, precisamos estar atentos às novas ferramentas que irão nos ajudar e trazer possibilidades de transformar o ensino e a aprendizagem numa ação inovadora e atraente para os educandos.
    A tecnologia está cada vez mais atrativa e cada vez mais ao alcance de todos os cidadãos do nosso país, hoje em dia podemos encontrar em comunidades carentes grupos que disponibilizam materiais para estes fins, então este é um assunto que atinge a diversas classes sociais.
    A função do professor não é só ensinar, mas trabalhar em conjunto com os alunos e a comunidade, sendo assim, é necessário que haja uma interação entre eles, onde aluno aprende com professor e vise-versa, aluno aprende com aluno e professor aprende com professor, só assim poderá conseguir um avanço para encarar as novas tecnologias.
    O interessante é que a educação tecnológica não precisa ter uma disciplina em especial, ela pode ser utilizada nas demais disciplinas, cabe ao educador saber a melhor maneira de utilizá-la a seu serviço, porém isso implica na formação ou capacitação destes.
    A Internet é uma das ferramentas tecnológicas que está sempre em evolução, mas, ao mesmo tempo em que produz materiais riquíssimos para pesquisas também produz coisas indevidas e que requer maior cuidado e atenção dos professores. Um bom site proporciona ao professor oportunidades de aumentar ou reproduzir seus conhecimentos, a exemplo de blog’s onde é possível criar páginas onde o professor poderá disponibilizar dicas e atividades aos alunos que tiverem acesso a Internet.
    Temos que ter cuidado para não apresentarmos resistências às coisas novas, já que o novo sempre assusta um pouco, o importante é tornar o trabalho mais fácil e eficaz.
    Outra coisa é preciso entender, o ser humano nunca vai ser substituído pela máquina e então professor não precisa ter receio de perder seu cargo para os computadores, esta é mais umas das preocupações que vêm afligindo os nossos professores, computadores são instrumentos que auxiliam o professor, sabemos que o mercado de trabalho anda cada vez mais exigente e então só merece reconhecimento quem realmente está disposto a acompanhar as mudanças tecnológicas e transformar-se de acordo com as exigências das necessidades, por isso é necessário estarmos sempre atualizados.

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